segunda-feira, 3 de maio de 2010

Brasileiro que se ofereceu como refém pode virar Santo



A beatificação do advogado Franz de Castro vai ser por martírio e já está na fase dos depoimentos.

O advogado Franz de Castro morreu em tiroteio entre detentos e policiais numa rebelião na cadeia de Jacareí, em 1981.

O Brasil pode ter o seu segundo santo nascido em solo nacional. Um santo que morreu no meio do maior tiroteio. A beatificação vai ser por martírio e já está na fase dos depoimentos.

Um advogado que trabalhava no interior de São Paulo pode seguir o caminho trilhado por Frei Galvão, o primeiro santo brasileiro. O candidato a santo mártir foi morto durante uma rebelião de presos, em 1981.

“Ele contagiava com seu jeito simples de ser, com sua sabedoria e com seu viver cristão”, afirma o padre José Cândido Pereira.

“Ele era muito bom, muito atencioso, nota 10 pra ele”, avalia a dona de casa Terezinha Ribeiro.

Há quase 30 anos, as imagens causaram impacto em todo o Brasil. Franz foi feito refém durante uma rebelião na cadeia de Jacareí. O repórter Carlos Nascimento, na época na TV Globo, acompanhou os momentos de tensão. Sete pessoas morreram: um PM, cinco presos e Franz. Mário Ottoboni era diretor de um presídio e foi testemunha da morte do amigo.

“Foi a coisa mais triste que aconteceu na minha vida. Preferia estar com ele na hora pra morrer com ele, porque depois que eu vi ele morto, ele tomou 30 e tantos tiros...”, lembra Ottoboni.

Franz de Castro nasceu em Barra do Piraí, no Rio de Janeiro. Aos 20 anos foi morar com a tia em São José dos Campos, interior de São Paulo. Quando formou-se advogado, Franz passou a dar assistência jurídica e espiritual a detentos de presídios da região.

O padre José Cândido Pereira, que também era amigo de Franz, não tem dúvida de que ele foi um mártir.

“Ele ofereceu a vida. Então se chama martírio. Aí o Vaticano viu que poderia ser de fato um caminhar de oferecer-se a Deus através dos irmãos, ao doar sua própria vida”.

O Brasil tem quatro beatos em processo de canonização por martírio: a menina Albertina, morta aos 12 anos de idade depois de uma tentativa de estupro em Santa Catarina; o padre espanhol Emanuele González e o coroinha Adílio Daronch, assassinados numa disputa por terras, no Rio Grande do Sul; e a irmã Lindalva, do Rio Grande do Norte, morta por um preso em 1993.

Agora a Igreja investiga a vida de Franz de Castro. Todos que tiveram contato com ele estão sendo chamados para prestar depoimento. O processo é sigiloso.

Se depois de analisar os documentos produzidos aqui no Brasil, o Vaticano reconhecer que houve o martírio, Franz de Castro já pode ser declarado beato pelo Papa. A partir daí, o caminho para a canonização é longo e difícil. Será preciso a comprovação de um milagre.

Francisco Cruz de Oliveira, diretor da Santa Casa de Barra do Piraí, diz que Franz já fez um milagre. Em agradecimento, limpa todos os dias o túmulo do advogado no cemitério da cidade. Ele diz que a UTI do hospital voltou a funcionar depois de anos fechada.

“Um dia eu disse: ‘vou pedir ao Franz para interceder junto aos corações supremos em favor da Santa Casa’. E comecei a fazer as minhas orações. Eu posso chamar de milagre sim porque foi pedido com muita fé”, conta Francisco.

O santinho do advogado mártir já está sendo distribuído em Barra do Piraí e em São José dos Campos. Agora é esperar o julgamento do Vaticano.

Fonte: Fantástico

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